domingo, 11 de dezembro de 2011

A Letra Mata


O termo é plagiado, o que me mata é ouvir. O pretexto camufla muito bem a preguiça e supre a ausência do conteúdo nos discursos dos inscientes. A lógica e a razão desprezadas nos sermões de excentricidade metafísica e transcedental dos pentecostais é ridicularizada e dá espaço a uma liturgia alegre e enfeitada pela desordem. Sob a justificativa que a teologia é um demônio que afasta os homens de Deus, as parvoíces evangélicas transbordam como um rio que lava a igreja de frivolidades procedentes de tronos insubordinados dos púlpitos.

Não há duvidas, mesmo entre os teólogos, de que a filosofia recheada de antropologia é um fantasma que assombra o relacionamento de Deus com os homens há muitos anos. Mesmo que um anjo tentasse explicar a grandeza Deus na plenitude de sua glória e conhecimento aos homens, pareceria uma pessoa tentando ensinar como é a cor vermelha à um cego de nascença. Nesse tipo de abordagem a lógica sucumbe: "aos espirituiais somente cabe o discernimento do que é espiritual." Mas é óbvio que, o termo original trata do legalismo, não da teologia.
Porém, a igreja evangélica brasileira ressucita a defesa católica contra o protestantismo no século XVI, que alegava a insuficiência intelectual dos plebeus diante da complexidade das escrituras. Somos então, em um culto desses, remetidos a uma liturgia guiada pelo mistério. Os serrmões foram substituidos por revelações metafísicas e, questioná-los é blasfêmia digna de inferno. Nesse caso, conscentimos salvos, é menos arriscado.

Á serviço da omissão, ignoramos clichês e chavões que, de tão repetitivos, causam náuseas. Heresias incontáveis contaminam o ar já poluído pela fumaça da indiferença nos templos evangélicos. Papagaios espirituais ressoam imbecilidades espalhando-as como uma gripe. Alguns não só expiram como espirram...

Lutero, Calvino, Barth e outros se esforçaram em vão. Talvez o mundo fosse melhor sem a "maldita" teologia. Me indago ás vezes, contaminado pela idiotice, se não estaríamos melhor hoje sem suas obras: Ora, sem as teologias luteranas não seria necessária a livre escolha de Deus: era só me esforçar, e, na píor das hipóteses, se não fosse sufuciente meu esforço, comprar uma indulgência. Não seria mais simples?
Sem o talde Karl Barth, falar sobre Deus seria muito mais simples e a propagação do evangelho mais dinâmica. Sob a sombra da teologia iluminista de Schleiermarcher onde Deus é criado pelo homem, não o contrário, já teria convencido todos em minha família. Essa tese é antropológica, não teológica, e teologia também pra eles, é vaidade. Pra que foi se esforçar tanto, Karl?

Se nada do que escrevi no parágrafo anterior fez sentido pra você, ou ache que não vá fazer diferença, alegre-se, você deve estar bem perto de Deus. Porém, se preferir levar em consideração que vai ter que lidar conosco até encontrá-lo, bom, nesse caso, essa talde Teologia que estuda Deus, pode ser um bom caminho para compreender a nós, os homens, pois somos sua imagem e semelhança. A teologia nunca te revelará um novo deus, mas talvez revele em você um novo homem.

Alexandre Unruh

sábado, 12 de novembro de 2011

Achando "Graça" em uma goiabeira !


Resolveu, sem mais nem menos, nascer dentro de uma antiga construção, no quintal de minha casa, uma planta intrusa. No começo nem liguei pra ela, seu destino era a ponta da afiada enxada da ignorância, como de costume. Porém, a moça cresceu rápido, como que inspirada na prima mais velha "amada de Jonas" e logo tornou-se difícil de ceifar. Demandava mais tempo que o capim rotineiro e resolvemos deixá-la por lá, como que por maldosa falsa esperança. Não ia dar-nos trabalho, presumimos.
Certa feita, eu, com algum tempo, fato digno de destaque nesse texto, resolvi me livrar logo daquela metediça. Com a foice na mão, e a disposição de nunca, armei-me de coragem e fui surpreendido com uma imagem inusitada. Senti-me Saulo, cego, caí do cavalo, a foice tocou com a ponta nos aguilhões, recalcitrou inofensiva.
Não é que a patinha feia do quintal estava repleta de frutos maduros e assustadoramente sedutores? "Malditas escamas !!!"
"Goiabas", sim, não eram simples goiabinhas, eras "as goiabas".
O que inspirou esse texto foi minha miopia espiritual.
No momento, não enxerguei "goiabas", mas uma fruta divina chamada nos devaneios inspirados pelo Espírito de "Graça".
Ninguém jamais plantou qualquer semente lá, ela não era bem vinda, espaçosa, indesejável, deslumbrante...
Tiramos as goiabas, degustamos, devoramos, doces como mel, frutos do inexplicável.
Deus é retratado naquela goiabeira, não me pergunte por que, nem de onde tirei essa ideia, mas não enxergo uma planta, vejo a Graça de Deus.
Só há pedras ao redor, só há sonhos, utopias capitalistas. Em volta se vê - se quisermos - fama, fortuna, poder e prazer. Mas no centro se enxerga - se quisermos - Deus !
Graça, favor imerecido. Surge quando não se espera nem se merece, sacia e quebranta, destrói nosso "eu", oculta mesmo que momentaneamente o cotidiano.Vejo um convite naquela planta, um convite ao sabor do amor, da vida.
Marx, Lutero, Agostinho... Todos devem ter tido uma planta assim. Deixaram ela crescer, e nós, sem reconhecer sua importância, afiamos as foices, ceifamos, e fizemos alongar nossos muros, que nos separaram de Deus.
Que sobre nossas torres de Babel nasçam goiabeiras, e que nos lembremos "Quem" está no centro, nos convidando a degustar a Graça.
Deixei ela lá.

Deus seja louvado.

Alexandre Unruh

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pensamentos de Graça


Não é o homem amável, Deus é que é amor. (*)

O homem amado por Deus não tem nenhum valor em si. O que lhe atribui algum valor é o fato de Deus amá-lo. (*)

Santidade é fruto da comunhão com Deus, não o contrário.

O religioso diz que as boas obras são necessárias para um bom relacionamento com Deus. O cristão acredita que só pode ter boas obras se elas forem fruto de um relacionamento já existente.

Irrepreensível é a palavra que define alguém que "fez o seu melhor com sinceridade", e não "livre de pecado"

O religioso aponta o dedo para as falhas dos outros, pois acredita que será salvo pelo seu esforço. É inaceitável para ele que Jesus ame pessoas falhas, pois nisso se baseia sua religiosidade. Seu amor é falso.

O Cristão reconhece que é falho e por isso torna-se dependente de Deus, servindo-o em sinceridade, humilde diante dos seus irmãos. Seu amor é, portanto, real!

O cristão quer ver mais amor do que tradição. O religioso quer ver mais sacrifício do que sinceridade.

O religioso acha que vai se salvar pelas suas boas obras e se esforça pra isso. Por isso não aceita quem não se esforça como ele... O Cristão só se esforça para ser sincero com Deus.
Aquele que trabalha, seu salário já lhe serve como paga, porém aquele que não trabalha mas crê No que justifica o ímpio, sua fé lhe é imputada por justiça!

O religioso acha que pregar o perdão traz liberdade pra pecar. O cristão entende o perdão como um gesto de amor, por isso se sente constrangido (por esse imenso amor) a não pecar.

O pregador fariseu prega a obrigação através da ameaça do castigo. O cristão prega o amor, que gera a gratidão. O pecado prazeroso vence a religião da obrigatoriedade, mas jamais vencerá a fidelidade da gratidão. As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem (prazerosamente), e não "apanham de mim e por isso me seguem”.

O amor de Deus não se altera mediante nossas falhas, nesse caso ele seria inconstante e nosso relacionamento com ele seria uma troca. Ele nos ama sendo ainda falhos, e esse amor nos constrange a errar menos.

O santarrão é arrogante e tem um falso amor. O Cristão entende as falhas dos seus irmãos e confia que "Aquele que começou a boa obra (não nós mesmos) há de aperfeiçoar até o dia de nosso Senhor".

O "cajado" tem um arco na ponta para "puxar" e não para "bater"

O castigo e a disciplina podem ser atos de amor, mas em si, não demonstram amor. Se forem apresentados desassociados ao perdão e a misericórdia, certamente criarão rebeldes. Só a Graça vence o pecado.

O religioso sabe que existe o amor e o perdão, mas age pelo medo e obrigação. O cristão sabe que existe a justiça, mas faz tudo com amor. Não precisamos ter boas obras para Deus nos amar. Queremos ter boas obras porque Ele nos ama antes de termos feito coisa alguma.

Misericórdia é quando você não recebe o que merece e graça é quando você recebe o que não merece! (*)

Quem semeia graça colhe gratidão. Quem semeia ameaça ou castigo, colhe rebeldia.

Por que me busca? - pergunta o Senhor - Para alcançar benção? Esse é o filho que só faz o que eu quero para garantir sua mesada. Isso é troca!

Por que me busca? - pergunta o Senhor - Para ser curado... Esse é o filho que vem a minha casa de vez em quando só pra buscar o remédio, pois não tem condições de comprar. Isso é troca!

Por que me busca? - pergunta o Senhor - Para não receber castigo... Esse é o filho que faz o que ordeno pra não apanhar. Isso é troca!

Por que me busca? - pergunta o Senhor - Para não ir para o inferno... Esse é o filho que faz o que ordeno somente para que eu não o coloque para fora de casa. Isso é troca!

Por que me busca? - pergunta o Senhor - Para ir para o céu... Esse é o filho que me visita somente para que eu mantenha seu nome no testamento de minhas terras, pois sabe que elas são boas. Isso é troca!

Por que me busca? - pergunta o Senhor - Porque eu te amo, e seu amor me constrange... Esse é o filho que entende que eu o amei primeiro, sendo ele ainda falho. Faz a minha vontade com gratidão. Nele está o meu prazer. Isso é um relacionamento de amor!

O castigo e a disciplina podem ser atos de amor, mas em si, não demonstram amor. Se forem apresentados desassociados ao perdão e a misericórdia, certamente criarão rebeldes. Só a Graça vence o pecado.

Alexandre Unruh
(*)Ricardo Gondim Rodrigues

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Dom de Sepultar Igrejas

É um assunto sensível e delicado, mas acho que devo escrever sobre ele. É o caso de pastores que acabam ficando conhecidos, não pelas novas igrejas que abriram, mas pelas igrejas que sepultaram. A mão deles, ao sair das igrejas, quase sempre foi aquela que fechou os olhos do pobre cadáver eclesiástico.


Soube que os colegas de um desses, na gozação, haviam decidido entregar-lhe “a pá de ouro”, quando finalmente se jubilou para alívio de todos... (qué malos!) Os pastores com o ministério do “esvaziamento bíblico” são um problema para suas denominações, que ficam sem saber o que fazer com eles, após terem criado problemas em praticamente todas as igrejas por onde passaram. O pior é quando um pastor desses acaba obtendo algum poder político no âmbito da denominação, o que torna ainda mais difícil achar uma solução.


E que solução haveria para os pastores que têm um histórico crônico de problemas nas igrejas por onde passaram? Acho que se deve, em primeiro lugar, dar um crédito de bona fide. Será que o problema é realmente o pastor ou os conselhos e igrejas por onde, por azar, andou pastoreando? (há, de fato, conselhos, consistórios ou mesas diretoras conhecidos por trucidarem pastores. Mas, isso é assunto de outro post...).


Descontado este crédito, fica evidente que tem gente que errou na escolha do ministério pastoral como sua missão no mundo. Talvez esse engano não foi intencional. O zelo e o ardor de servir a Deus e de viver em contato com sua Palavra e a sua obra fazem com que muitos jovens cristãos, cheios de amor ao Senhor, busquem o pastorado como a maneira prática de realizar seus sonhos espirituais. A esses, muito pouco tenho a dizer, senão que podemos ser espirituais, zelosos por Deus, amantes de Sua Palavra e de sua obra em qualquer outro lugar além do púlpito. Há cristãos zelosos e sinceros que sinceramente erraram na vocação. Há também aqueles que viram o pastorado como meio de vida, ou que ficaram fascinados pelo prestígio que o púlpito e o microfone na mão parecem conferir aos que chegam lá. O pastorado exige mais que desejos profundos de santidade e paixão pelas almas perdidas. E obviamente, nunca será eficazmente desempenhado por quem entrou por motivos baixos.


Não estou dizendo que a prova da genuinidade da vocação é o sucesso numérico, pastorados longos em um único lugar e um histórico de saídas pacíficas de diferentes igrejas. Sei que números não dizem tudo. Nem saídas pacíficas de pastorados longos. Contudo, dizem alguma coisa. O problema se agrava porque em denominações históricas se incentiva o ministério em tempo integral. O pastor, via de regra, só aprendeu a fazer aquilo mesmo: realizar atos pastorais, elaborar uma liturgia, preparar sermões e estudos bíblicos, atender gente no gabinete, visitar os enfermos e necessitados, animar os cultos de domingo, fazer a sociabilidade da igreja, e por ai vai. Se sair do pastorado, não sabe praticamente fazer mais nada. Vai acabar abrindo uma igreja para ele, como muitos fizeram. Para evitar o problema, algumas denominações incentivam pastores bi-vocacionados, isto é, que além do ministério pastoral, tenham uma profissão secular.


Pastores com o "dom" de fechar igrejas acabam se tornando um problema para todo mundo, especialmente quando eles vêm com um defeito de fábrica: a falta do “mancômetro”, um instrumento extremamente necessário para o ministério pastoral, que avisa quando está na hora de sair. Pastores sem mancômetro não conseguem perceber aquilo que todo mundo fica com receio de dizer-lhe abertamente: que de pastor mesmo, ele tem pouco ou nada. E que a melhor coisa que ele deveria fazer, era pedir para sair, e sair silenciosamente, sem fazer muito barulho.


Não posso deixar de admirar pastores que após algum tempo de ministério voluntariamente pedem para sair, ao perceber que cometeram um erro ao entrar. Conheci uns três ou quatro que fizeram isso, apesar de só me lembrar do nome de um deles. Tenho certeza que uma atitude dessas por parte de irmãos com o dom de enterrar igrejas agradaria ao Senhor. A ponto dele abrir-lhes portas para ganharem a vida de uma forma realmente digna e decente. Lembro-me da oração de meu sogro, o Rev. Francisco Leonardo, quando era reitor do Seminário Presbiteriano do Norte: “Senhor, manda para o seminário os verdadeiros vocacionados e coloca para fora os que não são”. Se mais diretores de seminários e conselhos de igrejas fizessem esse tipo de oração com mais freqüência, teríamos que entregar menos “pás de ouro” nos concílios.


Pr. Augustus Nicodemus Lopes
extraído do seu blog "O tempora, o mores"

quinta-feira, 9 de junho de 2011

De verdade, quem precisa ser salvo?


Entre as parábolas desconsertantes que Jesus contou, uma inquieta bastante. Para esvaziar a empáfia dos que se achavam melhor que os outros, eis a história de Lucas 18.9: “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu em pé, orava silenciosamente: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’”. O arremate de Cristo veio como um cruzado de esquerda no queixo dos religiosos: “Eu lhes digo que este homem [o indigno publicano] e não o outro [o moralista religioso] foi para casa justificado diante de Deus”.

Ao contrário do senso comum, os religiosos são os primeiros a carecer de salvação. Deles brota o fermento que pode estragar o divino projeto de humanização. Da arrogância de se verem eleitos, pinga o veneno da hipocrisia. Jesus quer, sim, salvar televangelistas, pastores, apóstolos e bispos. Mesmo as estrelas de primeira grandeza da religião podem ser alcançados pelo amor de Deus. Ninguém está irremediavelmente perdido. Ora, ora, se Cristo salvou Nicodemos, Zaqueu e Saulo de Tarso, gente bem escolada no be-a-bá da presunção, por que não eles? Vale lembrar: o juízo divino começa sempre pelos bastidores, sacristias e gabinetes pastorais. E ele julga porque todos são amados de Deus, inclusive pilantras paramentados. Jesus quer resgatar cínicos que engomam seus colarinhos clericais com o polvilho branco do oportunismo eclesiástico; eles também merecem o céu. Mas, se eles podem herdar o Paraíso, o que seria necessário para a salvação de um religioso?

Salvação chega à casa do religioso quando ele se dispõe a calçar as sandálias do pobre. Os palavrórios idealizados, sem conexão com a realidade, se esvaziariam caso um sacerdote se visse obrigado a esperar por atendimento médico em algum banco enferrujado de ambulatório público. 

Será que o evangelista engravatado imagina o drama da mãe solteira, negra e subempregada que procura por creche para deixar o filho e ganhar um pão amassado? Desses que viajam de helicóptero, quem estaria disposto a viver, só por um mês, a sorte do pai que vê o filho crescer próximo ao ponto de venda de tóxico? Quantos já experimentaram dormir com fome? Será que entendem a lógica do capitalismo que empurra as pessoas para o beco sem saída da exclusão social? Simples: qualquer pessoa que trata com leviandade a sorte do pobre precisa de salvação.

No outro lado dessa moeda embotada, redenção também é necessária. O que dizer de quem ostenta em nome do Nazareno? O que dizer da luxúria? Anéis, relógios e automóveis caríssimos levantam a suspeita: vários deles não embarcaram no carreirismo religioso exatamente porque queriam fugir da marginalização econômica que um dia vivenciaram?

Cristo salva o pastor que for sensível aos que se angustiam nas seções de hemodiálise, às famílias que aguardam transplante de pulmão, às clínicas de fisioterapia onde mutilados e paraplégicos reaprendem a andar, às Unidades de Tratamento Intensivo dos hospitais infantis onde crianças cancerosas precisam ser amarradas para receber quimioterapia.

Os que vivem da grandiloquência do discurso dogmático podem ser resgatados caso aprendam a solidarizar-se com refugiados de guerra ou se souberem valorizar o esforço dos Médicos sem Fronteira que cuidam do refugo humano que o capitalismo demoníaco produz pelo mundo a fora. 

Enquanto sacerdotes tagaleram doutrinas, no máximo geram prosélitos, e condenam a si e seus seguidores ao inferno duplo da beatice sem relevância.

Jesus pode libertar o televangelista, mas é necessário que ele guarde o escrúpulo de não expoliar o motoboy que arrisca a vida para ganhar um salário minguado, a empregada doméstica que se submete aos caprichos da madame da classe média, o carvoeiro que vive na boca de fornalha para não faltar carvão no churrasco do restaurante de luxo, a enfermeira que enfrenta madrugadas frias. 
Sacerdote que insiste em propagandear superstições deve saber que seu caminho é o do cego que guia cego.

Deus não tem prazer na perdição do religioso. Ele insiste: “Eis que estou à porta e bato”. Enquanto perdurar o sistema que legitima a alienação e enquanto houver gente se valendo do sagrado para confundir delírio com esperança, será preciso escutar a admoestação do fim dessa parábola de Jesus: “Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.

Soli Deo Gloria

Pr. Ricardo Gondim Rodrigues