segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre Reformadores e Lobos...


Hoje parei para meditar sobre a ávida busca camuflada por um sentimento de necessidade do cristianismo de um entendimento ainda não encontrado, de um caminho ainda mais perfeito ou talvez de uma realização pessoal cega de que tudo precisa ser constantemente aperfeiçoado, de que Deus
precise sempre de alguém corajoso para mudar o rumo, e que esse alguém deva ser eu. Afinal, pra que serviram os anos e anos de tantas experiências, de estudos, de teorias cuidadosamente fundamentadas, até mesmo aquelas que me ensinaram a fugir da pecha de fundamentalista ou moralista nesse mundo cristão carente de mudanças?


Novos Luteros e Calvinos tem que se levantar, é a lógica, a
obra sem reforma envelhece. Nova pintura, novas telhas e quem sabe,
uma arquitetura mais arrojada deve constantemente ser acoplada ao
edifício sobre a rocha, para que ela aparente ao menos cada vez mais
sustentação. E de que valeu tudo o que eu aprendi, se não puder nessa
obra fazer ao menos o papel do simples ajudante ou pedreiro?

Quantos de nós não pensamos assim? E assistindo essa constante busca
pela metamorfose final do "caminho' que conduzirá a todos em
segurança até O DIA da consumação, me lembrei daqueles que há muito,
pensaram o mesmo.

Pobre Lutero, pobre Calvino, sua luta pela reforma hoje parece, aos
olhos do Brasil, carecer de reforma. E o mais óbvio nesse pensamento
estranho, nessa busca entusiasmada da mente pelo motivo de
tamanha "necessidade", é abrir um simples dicionário e descobrir que
reforma, nada mais é que: ter como objetivo dar a obra a aparência
original. Sim, porque as obras que sucederam a igreja primitiva deram
a ela uma aparência superficial, os concílios ecumênicos foram a
planta do templo, a filosofia e os interesses monárquicos seus
principais engenheiros e na ganância do homem a obra teve seu
acabamento final. Pobres reformadores, lutaram em vão, sua reforma
precisa de reforma, pelo menos no Brasil...

O motivo de meu êxtase foi o que li hoje: Uma senhora, simples, que
se intitula inocentemente de evangélica expor sua opinião obviamente
simplista à cerca de um assunto que parecia aos olhos dos novos
reformadores carente de tamanha discussão, de uma abrangência muito
maior de conhecimento. Uma leiga, citando apenas alguns textos
bíblicos desprovidos sequer de um português que desse pelo menos mais
crédito a sua análise, sendo considerada rapidamente uma criança
espiritual, mais uma evangélica inculta da fé. A verdade é dolorida,
mas é o que alguns expressaram sobre ela, e que a maioria não
expressou, mas sentiu. Muitos pararam de ler quando se intitulou
evangélica, outros foram até o final para poderem maquinar seus
comentários carregados de superioridade e desprezo.

O termo evangélico: Ahhhhh, como foi bom me recordar de quando
inocentemente levantei a mão na igreja pra me entregar a Cristo, e
digo inocente pois hoje isso só é mais uma parte do ritual
"evangélico" do qual outros se esquivam vorazmente, por se tratar de
um termo pejorativo, inculto. Como respondia prazeroso quando me
perguntavam: De que igreja você é?

Evangélico que já foi sinônimo de pertencente ao caminho, depois
sinônimo de espiritual, mais tarde sinônimo de estar na "moda", nada
mais é hoje do que um termo pejorativo, sinônimo de "não alertado".
Por que será que de repente o amor por aquela vida tomou conta do meu
coração? Por que será que me motivou a escrever tudo isso?
Fato é que glorifiquei a Deus depois da zombaria, e fiquei feliz o
resto do dia ao ouvir as palavras de consolo isentas de ironia, pois
quem as citou desconhece essa figura de linguagem, Nele só habita a
verdade.

Glorifiquei a Deus por ela ser uma criança simplista, inocente e
leiga, pois não preciso me tornar um adulto filósofo-espiritual
para entrar no reino de Deus, e sim uma criança como ela...
Glorifiquei a Deus por não precisar de um "novo caminho", e sim do
mesmo caminho pregado há dois mil anos...
Glorifiquei a Deus porque ele me lembrou que a maioria dos desfechos
dos grandes pensamentos estavam em respostas e fatos simples, como o até então desapercebido “o justo viverá pela fé” de Rm 1.17, antes visto, e agora “enxergado” pelas lentes do Espírito nos olhos do desconhecido padre de Wittemberg.
Glorifiquei a Deus porque não encontrei tamanho sentimento de amor em
nenhuma filosofia vã, mas numa declaração simples e carregada de
Deus.

Vem aí a nova reforma, daqui vinte anos outra, quem sabe. O termo
evangélico pode deixar de existir, assim como o foi com o
"protestante", mas se o amor se esvair não haverão reformadores.
Estou muito feliz para parecer melancólico, prefiro encerrar
parecendo esperançoso:
Maranata, vem Senhor Jesus !!!

Alexandre Unruh