sábado, 12 de novembro de 2011

Achando "Graça" em uma goiabeira !


Resolveu, sem mais nem menos, nascer dentro de uma antiga construção, no quintal de minha casa, uma planta intrusa. No começo nem liguei pra ela, seu destino era a ponta da afiada enxada da ignorância, como de costume. Porém, a moça cresceu rápido, como que inspirada na prima mais velha "amada de Jonas" e logo tornou-se difícil de ceifar. Demandava mais tempo que o capim rotineiro e resolvemos deixá-la por lá, como que por maldosa falsa esperança. Não ia dar-nos trabalho, presumimos.
Certa feita, eu, com algum tempo, fato digno de destaque nesse texto, resolvi me livrar logo daquela metediça. Com a foice na mão, e a disposição de nunca, armei-me de coragem e fui surpreendido com uma imagem inusitada. Senti-me Saulo, cego, caí do cavalo, a foice tocou com a ponta nos aguilhões, recalcitrou inofensiva.
Não é que a patinha feia do quintal estava repleta de frutos maduros e assustadoramente sedutores? "Malditas escamas !!!"
"Goiabas", sim, não eram simples goiabinhas, eras "as goiabas".
O que inspirou esse texto foi minha miopia espiritual.
No momento, não enxerguei "goiabas", mas uma fruta divina chamada nos devaneios inspirados pelo Espírito de "Graça".
Ninguém jamais plantou qualquer semente lá, ela não era bem vinda, espaçosa, indesejável, deslumbrante...
Tiramos as goiabas, degustamos, devoramos, doces como mel, frutos do inexplicável.
Deus é retratado naquela goiabeira, não me pergunte por que, nem de onde tirei essa ideia, mas não enxergo uma planta, vejo a Graça de Deus.
Só há pedras ao redor, só há sonhos, utopias capitalistas. Em volta se vê - se quisermos - fama, fortuna, poder e prazer. Mas no centro se enxerga - se quisermos - Deus !
Graça, favor imerecido. Surge quando não se espera nem se merece, sacia e quebranta, destrói nosso "eu", oculta mesmo que momentaneamente o cotidiano.Vejo um convite naquela planta, um convite ao sabor do amor, da vida.
Marx, Lutero, Agostinho... Todos devem ter tido uma planta assim. Deixaram ela crescer, e nós, sem reconhecer sua importância, afiamos as foices, ceifamos, e fizemos alongar nossos muros, que nos separaram de Deus.
Que sobre nossas torres de Babel nasçam goiabeiras, e que nos lembremos "Quem" está no centro, nos convidando a degustar a Graça.
Deixei ela lá.

Deus seja louvado.

Alexandre Unruh